sábado, 12 de novembro de 2011

Nossa Gente

Como é chato ser 
"Pirangueiro"

 O dicionário on-line nos esculhamba assim: "Diz-se do pescador apaixonado, que vive sempre à beira dos rios ou das lagoas de vara e anzol à mão". É porque eles, os letrados, desconhecem nossas dificuldades. Não sabem quanto pesa uma varinha de bambu e um potinho com minhocas. Não conseguem imaginar o quanto é difícil carregar um isopor cheio de latinhas de cervejas geladas, até a barranca do rio. E o que é pior, tomá-las á sombra de um ingazeiro, que penitencia. Andamos de bicicleta, chinelos, bermudas rasgadas, boné ou chapéu. Não temos relógio ou celular. No "radinho" de pilhas aquela música: "ai como difícil, a vida do pescador. De noite ele enrosca o anzol, na 'gaidada' da taboca. De dia ele queima no sol, dando banho na minhoca" . Se temos fome, comemos; sono, dormimos. Vontade de trabalhar, raramente nos ocorre. Por isso, as vezes invejamos, a vida dos milionários. Eles passam a vida pensando em ganhar dinheiro. Nós, pobres coitados, vivemos de papo pro ar. Do por do sol, a imagem fala. Que chato, muito chato.