Observe o peixe fisgado
A comunicação é
importante porque os dispositivos de identificação servem para revelar a
rota de deslocamento dos peixes migradores e a eficiência do Canal da Piracema
Pescador Deve Avisar a Itaipu Binacional se fisgar Peixe com Marcador
(Tag) Data/Hora: 9.mar.2012 - 18h 29 - Categoria:
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O pescador que retornou aos rios da região e ao Lago
Itaipu, com o fim do período da piracema, no último dia 29, deve ficar atento.
Todo peixe retirado da água com marcador, um pequeno dispositivo de
identificação, deverá ser comunicado à Itaipu Binacional, que monitora a rota
de migração das espécies. Nesta semana, um cartaz com informações básicas sobre
o assunto começou a ser distribuído. O projeto tem apoio da Companhia
Energética de São Paulo (Cesp) e da Entidade Binacional Yacyreta (Argentina e
Paraguai).
A comunicação é importante porque os marcadores servem
para revelar a rota de deslocamento dos peixes migradores e, principalmente, a
eficiência do Canal da Piracema de Itaipu. Com a análise dos dados, a partir
das informações repassadas pelos pescadores, será possível ajustar ou promover
novas ações que visem ao fortalecimento e à preservação das espécies.
“Os dois meses seguintes ao final da piracema são os mais
produtivos para a pesca. Por isso, a incidência de pescadores é muito grande”,
explicou o gerente da Divisão de Reservatório (MARR.CD), Matheus Romero Neto.
Segundo ele, os cartazes serão distribuídos em pontos de pesca ao longo do
reservatório, até a região da usina hidrelétrica de Porto Primavera, e também à
jusante do lago, no Rio Paraná, chegando à usina de Yacyreta.
A orientação é simples: caso um peixe com marcador seja
retirado da água, o pescador deverá entrar em contato pelo telefone
0800-6452002; ou enviar, sem custo, a marca para a caixa postal 2001 – CEP
85866-900, Foz do Iguaçu (PR), constando no envelope nome, numero da marca,
endereço, local e data da captura. De preferência, com o peso do peixe, o
tamanho e o tipo de material usado na captura.
Além de contribuir com a biodiversidade, o pescador
receberá em casa um brinde-surpresa. “As informações [dos marcadores] são todas
constantes de bancos de dados digitais. A partir delas, são emitidos relatórios
técnicos e científicos sobre a migração de peixes na região”, comentou Romero
Neto. “Determinadas espécies precisam fazer deslocamentos para que a reprodução
tenha sucesso”.
Os tipos
São três os principais tipos de marcadores. O mais
simples, de plástico, chamado Dart Tag, tem cores azul e vermelha e mede
aproximadamente 10 centímetros. Ele é facilmente identificado porque está
inserido na parte externa do peixe. No marcador, constam apenas o número de
identificação e o telefone para contato. Mais de dois mil peixes foram marcados
com Dart Tag somente neste ano.
O outro marcador que pode ser encontrado na região é o
Pit tag, de vidro e com cerca de 3 centímetros, inserido dentro do peixe. Esse
tipo de marcador, cujo projeto é desenvolvido em parceria com a Universidade
Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo, reflete o sinal
emitido por antenas instaladas ao longo do lago, idêntico aos dispositivos de
segurança fixados, por exemplo, em roupas de lojas de departamento.
O terceiro marcador, mais sofisticado, é chamado de rádio
transmissor, por emitir sinais de radiofrequência captados no Canal da
Piracema. Ele é produzido em resina plástica e foi introduzido no abdômen dos
peixes, com um fio visível na parte externa.
Histórico
Responsável pelo programa na Itaipu, Sandro Alves Heil,
da MARR.CD, diz que o trabalho de marcação de peixes começou em 1996, antes
mesmo da formação do Canal da Piracema, em 2002. O objetivo inicial era
conhecer a rota e o deslocamento das espécies de peixes migradores.
Hoje, a marcação também serve como ferramenta para
avaliar o sistema de transposição de Itaipu, que é o maior em extensão e
desnível do mundo. “Estamos localizados em uma região neotropical, com inúmeras
espécies de peixes migradores. Aproximadamente 17 delas são consideradas
migradores de longa distância”, comentou Heil.
Entre as espécies de peixes migradores de maior
frequência na região estão o dourado, a piapara, o pintado, a curimba, o piau e
o pacu. A estimativa do setor é que cerca de 850 pescadores profissionais atuam
no lago – sem contar os pescadores esportivos. “Para que esse projeto caminhe,
a gente precisa do apoio do pescador”, reforçou.
Sandro Heil acrescenta que o principal objetivo do canal
é a troca de material genético das populações que foram isoladas pela barragem
– à jusante e à montante. “Para melhorar determinada espécie, ou manter o seu
vigor, você precisa colocar indivíduos de outra população nesse grupo. Por isso
é importante que o peixe tenha livre trânsito”, explicou.
O responsável pelo programa lembra de uma história
exemplar. Uma piapara que recebeu a marca no canal foi recapturada no Rio do
Peixe, no Estado de São Paulo. Ou seja, migrou aproximadamente 650 km,
superando o Canal de Itaipu, o reservatório, a planície do Rio Paraná, subindo
a escada de peixes da hidrelétrica de Primavera. Nadou até um tributário do
reservatório da usina, tudo isso em três meses. “O melhor é que isso não é
história de pescador”, brincou.
O que é
A piracema, período de desova dos peixes reofílicos (que
realizam migração reprodutiva), geralmente ocorre de novembro a fevereiro. O
Canal da Piracema de Itaipu, com10 quilômetros de extensão, foi projetado para
que os peixes possam vencer o desnível de120 metros entre o Rio Paraná e o
reservatório.
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