Felão, 60
anos: mito, lenda e folclore
Ele está completando 60 anos hoje, dia 3 de janeiro. É sempre reconhecido por
alguém na grande maioria das cidades da região e em outras tantas localidades
do Estado e do País.
Falamos de Sergio Mauricio Xavier, o “Felão”. Nasceu em Porto Tibiriça, distrito de Presidente
Epitácio, vila onde residiam funcionários do Serviço de Navegação da Bacia do
Prata, autarquia extinta do Ministério dos Transportes. É filho dos pioneiros, comandante Maurício
Xavier Duque e Maria Pesqueira da Cruz Duque; teve mais cinco irmãos. +Bertinho, Jacy, +Jandira, +Curimba e Olegas. O apelido de “Felão” veio aos 6 anos de idade ao ser atropelado por uma charrete, quando andava pelo pacato distrito de Porto Tibiriça. O charreteiro era ninguém mais do que seu Felix, o robusto, senhor “Felão”.
Músico profissional, percussionista, ama a
noite e adora tocar violão em bares, festas e rodas de amigos. Seu repertório vai
de Belchior a James Taylor (naquele inglês), passando por alguns nomes da MPB.
É um “show”. Não fala de trabalho, de bolsa de valores, de escritório ou de
qualquer outro assunto que possa remetê-lo a responsabilidades laborais. Odeia
a rotina, freqüenta todos os ambientes, independente das exigências sociais.
“Bom Vivant”, extrovertido e irreverente, sua presença é requisitada e
disputada pelas rodas de amigos, a quem consegue proporcionar momentos de
descontração. Para os donos de estabelecimentos comerciais ele é “chama
freguês”. “Se está presente logo aparecem, médicos,
bancários, engenheiros, profissionais liberais para ouvir suas “tiradas”. Alguns comerciantes dizem que oferecer uma
bebida de graça para ele é questão de marketing, está no orçamento. Montado em sua pick-up F-75, moto Teneré 600
ou jeep Troller; raramente passa sem ser
notado. “Fui seu amigo de curtição, cuidei dos seus filhos na madrugada e agora
aconselho seus netos a se cuidarem nas baladas”- disse Felão a um amigo. “Quando forem fazer um cartão postal de Epitácio,
coloquem minha foto. Assim facilita saber de qual cidade se trata”- solicita ele,
em tom jocoso.
Fala das estradas e regiões brasileiras como se falasse
das ruas do bairro onde reside. Amigos o convidam para viajar, para praia,
montanhas, chapadas e capitais, tudo sem pagar um tostão. Na bagagem ele leva o
bom humor, as piadas de improviso, o violão e os chocalhos para percussão. Ele se sente
adolescente e , chegando aos 60, reclama
dos prefeitos da cidade: “eles não fazem
nada prá nós, que somos jovens”. As vezes “agenda” mais de um compromisso para
os mesmos dias e horários. Quem passar primeiro, o leva e nem precisa dizer
para onde. Ele topa qualquer coisa. “O que não posso é ficar aí parado com a
boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar” – diz,
plagiando Raul Seixas.
Acometido por uma doença renal que o levou a passar por
sessões de hemodiálise, três vezes por semana, resolveu criar a APRPER
--Associação dos Pacientes de Presidente Epitácio e Região--, com vistas a
minimizar o trauma de doentes renais crônicos. Antes já presidia a APA-RECA --Associação
de Preservação Ambiental da Reserva Ecológica do Córrego da Anta. Felão não
para. Ele não desiste. Planta árvores na
orla, nas barrancas e margens de córregos e nascentes. Briga com o poder
público pela instalação de uma sala de hemodiálise na Santa Casa de Epitácio,
faz política por que é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores no município.
Ainda sobra tempo para bater papo com os amigos no “senadinho” da Banca da
Praça.